Como a pandemia mudou o que comemos e como comemos

A pandemia da COVID-19 foi um tónico imprevisto para mudanças extraordinárias no nosso quotidiano. Olhando sob o prisma daquilo que comemos, também foi isso que aconteceu. Não só a nível do consumo como também da forma como cozinhamos.

Lembremos que durante algum tempo imperaram restrições que nos impossibilitaram de frequentar restaurantes e todo o tempo que passámos em casa, suficiente para, em alguns casos, tirarmos um verdadeiro pós-doutoramento em culinária ou, pelo menos – e em bom português – safarmos bem a coisa.

Os negócios do setor da restauração adaptaram-se a essas condicionantes, mostrando resiliência e criatividade na procura de soluções que se pudessem adaptar ao contexto. Os clientes também procuraram novas formas de “comer fora” sem sair de casa, como por exemplo através das plataformas de encomendas de comida e take away.

Um estudo da Mastercard divulgado em Março deste ano apresenta conclusões que não deixam margem para dúvidas.

Mudanças no consumo

O estudo indica que 27% dos portugueses assinalou que as restrições levaram à estreia na encomenda de produtos online. 35% dos participantes no estudo refere que continuará a comprar online no futuro. Contudo, 75% dos portugueses prefere continuar a comprar produtos de mercearia em lojas físicas.

Se 30% dos inquiridos refere não ter aumentado nem reduzido este tipo de despesa, 25% afirma ter gastado mais dinheiro em compras online.

Os utensílios de cozinha e produtos relacionados foram também mais comprados. Refira-se, por exemplo, o aumento dos gastos com livros de receitas, equipamentos de cozinha, louças e velas. Copos (25%), tachos e panelas (44%) foram os utensílios de cozinha mais comprados neste período.

O estudo refere que 64% dos portugueses declara ter melhorado os seus dotes na cozinha neste último ano. 68% refere mesmo ter passado mais tempo na cozinha por dia – cerca de 2,7 horas. Este número representa mais uma hora e três minutos se comparado com o período antes da pandemia.

O estudo indica que 50% dos participantes do estudo referiu ter preferido refeições mais saudáveis. Mas o topo da lista dos pratos mais cozinhados em casa pelos portugueses neste período desafia a leitura de que a comida saudável foi a preferida.

Portugal durante a pandemia: 5 pratos mais cozinhados

  1. Bacalhau à Brás (43%)
  2. Bifanas (37%)
  3. Arroz de Pato (34,8%)
  4. Caldo Verde (34%)
  5. Cozido à Portuguesa (29%).

Este ranking indica que a prata da casa foi a preferida dos portuguese. Contudo, o estudo da Mastercard refere que 62% dos inquiridos se mostra confiante para ensaiar novas experiências e criações na cozinha. Neste ponto, não devemos esquecer a grande influência dos conteúdos ligados à gastronomia exibidos na televisão ou internet, que têm ajudado a inspirar os portugueses. Aliás, 42% mostrou-se suficientemente inspirado nestes conteúdos para copiar as receitas para o seu prato.

Segundo o estudo, 51% dos portugueses expressaram a vontade de seguir por um estilo de vida mais saudável. 43% revelaram o desejo de adquirir novas competências e passar mais tempo com a sua família. Este dado coincide com a ideia de que com a pandemia a família acabou reforçada, sendo a cozinha um polo de reunião que se tornou importante nesse recentrar da nossa vidas na casa e com a família. A cozinha, culturalmente, sempre foi espaço de reunião e partilha, representativa de uma dinâmica muito própria que cada família emana.

Tem sido na compreensão dessas dinâmicas familiares únicas que fabricantes de cozinhas modernas como a Leiken têm vindo a destacar-se para a criação dos seus produtos. Os números dão razão a quem valoriza a identidade de cada família e o reforço dessa identidade na pandemia: 55% dos portugueses indicou que as refeições trouxeram uma ligação maior entre as famílias e 68% considera que a rotina das refeições conjuntas permanecerá.

Durante a pandemia o jantar foi também motivo de algumas recriações. Em cada 5 pessoas, 1 indicou ter usado o Zoom para estar conectado com os amigos durante o jantar. Quase metade (49%) dos participantes no estudo continuou a receber amigos e família. A saudade aperta e 71% dos portugueses expressou a vontade de, mal as restrições se levantem, voltar aos jantares sociais de forma regular.

Em suma, neste novo normal tendências clássicas como as reuniões de família à volta da mesa irão combinar-se com o uso de novas tecnologias como pedir comida através das plataformas de encomendas. Mas a comida vai continuar a servir-se à mesa dos portugueses. Bom apetite!