Foram diversas as modificações que a pandemia provocou e o mundo do trabalho não foi exceção: as restrições e o isolamento provocados pelo vírus da COVID-19 exigiram que, quando possível, os trabalhadores exercessem a sua atividade a partir de casa, o que impôs a necessidade da alteração do modo de trabalho e a consequente adaptação às novas exigências dos trabalhadores.

Executivos à volta do mundo viram-se obrigados a transformar as suas casas em locais de trabalho: quartos e salas foram convertidos em escritórios e as reuniões passaram a ser realizadas online.

A transformação do trabalho tradicional em regime de home office agradou a muitos trabalhadores, tendo em conta o número de benefícios subjacente: o conforto de poder trabalhar a partir de casa, a diminuição dos gastos relativos às deslocações para o emprego assim como do tempo despendido a fazê-lo.

O trabalho remoto revelou-se, desta forma, um modelo vantajoso para os trabalhadores e a deslocação diária para o escritório passou a ser vista como algo desagradável mesmo após o regresso à normalidade.

Face a esta nova realidade e aos atuais interesses dos trabalhadores, foi imprescindível repensar a forma como se iria retomar o trabalho de forma a justificar e motivar a deslocações ao escritório.

Uma parte das empresas respondeu às novas exigências dos trabalhadores em teletrabalho adaptando-se a um modelo de trabalho híbrido, optando por intercalar períodos de trabalho presencial na sede da empresa com períodos de trabalho à distância.

Com o trabalho híbrido cada vez mais em voga surgiu a necessidade de investir nos “escritórios do futuro”, espaços adequados às novas demandas.

Em sintonia com este novo modelo de trabalho existem espaços de co-work em Lisboa como os do LACS, um cluster criativo aberto à sociedade e dedicado às indústrias criativas. Tem por objetivo criar um ecossistema único de criadores, inovadores e game changers em Portugal.

Promove o networking, a sinergia e inovação através da oferta de espaços de  trabalho flexíveis e polivalentes, que se ajustam às necessidades de cada um.

Disponibilizam espaços versáteis com distintas finalidades: salas de reunião, espaços de eventos, espaços para estudar ou até simplesmente para trabalhar uns dias fora de casa.

Baseiam-se nos valores da Comunidade, Comunicação e Criatividade para abordar as diferentes formas de trabalho e permitir aos seus membros o alcance de maiores níveis de inovação e competitividade através da cultura e arte.

Como serão, então, os escritórios do futuro?

Para readaptar os espaços e preencher as novas exigências, a tendência é incluir uma maior área de zonas colaborativas, sociais, e de lazer, com o propósito de permitir a conexão social e o relaxamento.

Não nos podemos esquecer de que um dos principais objetivos dos novos escritórios é tornar o espaço mais confortável para que os trabalhadores não sintam tantas saudades de casa.

Com o objetivo de aumentar a satisfação, é importante que o escritório esteja preparado para receber atividades que promovam a criatividade, a tranquilidade e satisfação, como por exemplo aulas de Yoga.

Os novos escritórios passam a ter menos postos de trabalho “individual” já que a ideia é transformá-los em espaços de reuniões, criatividade e inovação.

Ocasionalmente prevê-se reunir a equipa e para isso é imperativo assegurar que estes espaços estejam aptos para, pontualmente, receber a totalidade dos trabalhadores.

Além disso, como algumas reuniões, por questões de eficiência e hábito, vão continuar a ser online, é essencial que a empresa tenha salas preparadas para esse efeito, o que não era muito comum no período pré-pandemia.

Neste ponto pode ser benéfico apostar na criação de “phonebooths”, salas que permitem que o trabalhador se isole nesse pequeno espaço, evitando distrações com barulho e restantes atividades a decorrer no escritório.

Além disso, estes locais terão de ser altamente tecnológicos, com equipamento, rede e, claro, com acesso à internet de alta velocidade.

Algumas plataformas digitais como a Slack ou Discord revelam-se úteis para o teletrabalho, no sentido de facilitar a comunicação entre os colaboradores e equipas e aumentar a sua produtividade.

A questão do contacto e comunicação é um dos pontos mais valorizados uma vez que é essencial que os trabalhadores ainda que estejam a trabalhar à distância se mantenham atualizados e em constante interação.

Prevê-se alguma redução no mercado imobiliário provocada pela trabalho híbrido?

Apesar da diminuição do trabalho presencial não se notou uma quebra de procura nem uma redução no investimento imobiliário de escritórios, sendo que em Lisboa e no Porto os níveis de arrendamento mantêm-se alinhados com aqueles que se verificavam em 2020. O que se constata é apenas uma mudança na forma como os escritórios estão pensados.