Eu não vou insistir para tu gostares de mim. Talvez isso soe como uma ameaça, mas não é. É mais como uma bandeira branca. Cansei-me de relacionamentos competitivos, de jogos de interesse, do orgulho ferido.

Não concordo que demonstrar o que se sente é sinal de fraqueza. Se eu não despertar em ti o “gostar” naturalmente, então, talvez tu não me mereças assim tanto.

É claro que eu já estive do outro lado, do lado da insistência.

Moldava-me aos gostos do outro, adaptava-me à rotina, aos amigos, e até reprimia alguns palavrões na sua frente. Eu achava que isso era fazer tudo certinho, mas na verdade, aos poucos deixava de ser eu para me disfarçar de pessoa perfeita. Acontece que perfeição é utopia, o que define cada um de nós e o que compõe uma relação é o equilíbrio dos defeitos, e não fingir que eles não existem. Como ser humano que sou, eu erro, talvez me arrependa ou talvez não. Mas, sobretudo, eu aprendi a perdoar erros, então tudo bem se formos fracassar, dentro de mim transborda esperança para um recomeço.

Eu prezo pela autenticidade. Se tu tiveres vontade de me ligar de madrugada, liga. Se tu estiveres a sentir alguma insegurança, conversa comigo. Não te contenhas perto de mim, não te esforces para engolir os teus sentimentos. Ninguém está a contabilizar os pontos, isto não é um jogo, a verdade é essa. Tu não ficas por cima quando implicas comigo, não me iludes quando me elogias, não me fazes sentir mal se não me ligas no dia seguinte. Eu não preciso da tua aprovação para me sentir bem comigo.

Eu não vou insistir para tu gostares de mim, nem me vou moldar a ti.

Tu precisas aceitar que nem tudo poderá ser mudado. Precisas aceitar-me como sou, se me quiseres. Essa pessoa prontinha, feita de propósito para ti, não existe. Por isso, fica ao lado de alguém que desperte o melhor em ti e uma verdadeira transformação vai acontecer. Isso se chama afinidade. No fim das contas, cada um sabe dentro de si até que ponto está disposto a ser o grande amor da vida de alguém.

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