Pedi-te que ficasses. Só isso. Pedi-te que não fosses embora à primeira dificuldade, à primeira discussão, à primeira derrota. Pedi-o porque sabia que não ia ser perfeito. Nunca é. Pedi-o porque queria que fosse para sempre. Mas poucas vezes o é.

Era tão simples. Bastava teres ficado só mais um bocadinho. Nesse bocadinho eu podia ter sentido muito mais, amado muito mais, beijado muito mais… Podia ter-te agarrado a mão com muito mais força do que a que fiz para que nunca fosse preciso escrever estas palavras.

Bastava só mais um bocadinho para te convencer a ficar.

Mas não. Não ficaste. Desististe de mim. Desististe de nós. Desististe do que fomos como se isso já estivesse escrito desde o início. Assim, de repente. Sem pestanejar, enquanto eu te pedia que ficasses.

Lembras-te quando me disseste que eu te tinha tornado uma pessoa melhor? Não diferente, apenas melhor. Espero que não desistas dessa pessoa também, que não desistas de ti.

Eu vou tentar não desistir de mim. Vou tentar levar o bocadinho de ti que ficou e viver mais preenchida. Espero que leves também um bocadinho de mim e te lembres que, um dia, foi para sempre. Que te lembres que, um dia, fomos o porto de abrigo um do outro. Que tínhamos sempre certezas de que o nosso amor era mais forte do que qualquer outro… Mas até isso tu levaste.

Agora, peço-te que não voltes.

Escusas de o fazer, sequer. Já cometi o erro de pedir que ficasses. Que parva fui eu quando pedi que ficasses! Isso não se pede a ninguém! Queres ir? Vai! Mas vai logo!

É tudo muito bonito quando nos dizem que devemos lutar por aquilo em que acreditamos. Eu sou totalmente de acordo! Mas chega a um ponto em que lutar é, nada mais, nada menos, do que uma perda de tempo. Isso mesmo! Há que saber parar quando a nossa espada já está gasta e quando o nosso escudo já não suporta mais facadas.

A vida continua, sim.

E é a forma como fechamos as nossas próprias feridas que faz de nós guerreiros a sério. Eu aprendi a sará-las sozinha e hoje, estou aqui para te dizer que não preciso de ti. Podias ter ficado, sim. Podia ter sido tudo diferente, sim. Mas, se fosse diferente, eu ainda hoje teria medo de lutar.

Por: Palavras Com História

Imagem de capa: Alena Ozerova, Shutterstock