Agora que é demasiado tarde para recuperares o que jamais voltarás a ter, tu deste conta que perdeste esse amor por não teres tido a coragem para lutar por ele.”

As despedidas doem quase sempre porque no fundo, ou nem tanto, nós sabemos que não queríamos deixar ir, porque sabemos que existe sempre uma forma de resolver as coisas, sabemos que está nas nossas mãos a possibilidade de evitar essa partida, mas é essa mesma opção de lutar que acabamos por deixar para depois, e esse depois um dia será demasiado tarde.

“(…) é a própria vida que se encarrega de nos dar uma forte bofetada (…)”

Na vida há milhares de pequenos instantes, e costuma dizer-se que os bons duram pouco, mas se não soubermos manter esses momentos, é a própria vida que se encarrega de nos dar uma forte bofetada, para nos ensinar e relembrar que às vezes pode ser tarde demais.

Já é tarde demais para voltar a perder-se naquele olhar, já é tarde demais para voltar a sentir a pele como de galinha quando ele ou ela passava a mão pelo teu corpo, e já é tarde para dizer esse nó de sentimentos emaranhados que nos prendem a garganta, e já de nada serve dizer “amo-te”, de nada serve dar-se conta de que podias ter lutado. Definitivamente deixar para depois não é boa opção.

Agora, até piscar os olhos dói, porque tu sabes que estás em queda livre, a queda inevitável nesse rochoso solo do arrependimento.

“(…) esse orgulho sabe tão bem como sabiam aqueles lábios?”

Essa má decisão de adiar a luta pode perseguir-te, pois sabes já não voltarás a sentir aquele toque, aqueles braços, nem voltarás a ouvir aquelas palavras de alento. Tudo isso se foi por causa da tua covardia, por não quereres arriscar um pouco mais, por não teres querido sair dessa “comodidade”, ou talvez pelo orgulho ter sido forte demais, mas agora diz-me, esse orgulho sabe tão bem como sabiam aqueles lábios?

Todas as histórias que tu criaste na tua cabeça, essas do amor para toda a vida, as do amor sincero, foram-se desvanecendo pouco a pouco, pois ainda que tu negues, era com aquela pessoa que tu querias passar os teus dias, e por covardia, por não teres dado apenas só mais um passo em frente, perdeste toda a esperança de viver essas cenas românticas, deixaste ir aquilo que não voltarás a sentir.

Agora o tempo passa devagar e cada segundo parece doer mais do que o anterior, pois todos eles estão carregados de duras recordações, de dolorosos momentos que pesam mais do que quando tinhas em cima de ti o seu corpo.

“(…) cansou-se de esperar, cansou-se de ser sempre ele ou ela a propor coisas, a emendar discussões (…)”

Acreditaste que ele ou ela estaria sempre ali, sempre para ti, porque te tinha prometido isso, mas acabou por se cansar, cansou-se de esperar, cansou-se de ser sempre ele ou ela a propor coisas, a emendar discussões ainda que não fosse o culpado, cansou-se de suportar uma relação onde tudo dependia de si, cansou-se simplesmente desses “depois” que tu sempre usavas como desculpa.

Agora que ele ou ela se foi, parece que levou consigo a cor que havia na tua vida, tudo parece preto e branco, sem os seus braços surge o frio, não só no teu corpo como também na tua alma, a indiferença faz-te doer, mas ainda te dói mais a noção do tempo, pois sabes que não podes fazê-lo voltar atrás.

“(…) agora sabes o valor que tinha cada instante, que adiar não funciona e que o orgulho muito menos, mas sabes que mais?”

Agora já tens a resposta a cada “depois” e a cada “mais logo” que disseste, agora já sabes que só faltava um pequeno empurrão para chegar ao tão famoso “e viveram felizes para sempre”, agora sabes o valor que tinha cada instante, que adiar não funciona e que o orgulho muito menos, mas sabes que mais?

Agora que já sabes, é tarde demais.

Autor Desconhecido

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