Deixarmos claros os nossos limites é necessário, porque, assim, quem não aceita limite algum não se aproximará de nós e isso será um grande favor a nossas vidas. Mais valem poucos amigos sinceros do que vários sanguessugas em volta da gente.
Ninguém gosta de magoar a quem ama, de ver alguém de quem gosta chateado por algo que saiu da gente. É desagradável sabermos que tem alguém que se sentiu mal por conta de alguma coisa que fizemos ou dissemos. No entanto, não poderemos engolir tudo o que nos desagrada, por medo de que as pessoas fiquem chateadas conosco, ou adoeceremos.
“As pessoas vão realmente se conhecendo com o tempo e com as rusgas que são superadas através do diálogo, que nem sempre é tranquilo.”
Toda e qualquer relação, seja de amizade, trabalho, seja de amor, necessita passar por algumas turbulências, para que fiquem claros os limites de cada uma das partes envolvidas. As pessoas vão realmente se conhecendo com o tempo e com as rusgas que são superadas através do diálogo, que nem sempre é tranquilo. A verdade de cada um precisa ser transparente, ou o relacionamento aos poucos se desgasta e se desfaz.
Caso sejamos o tipo de pessoa que não consegue lidar com o fato de que nem sempre estaremos agradando, acabaremos acumulando contrariedades dentro de nós. Da mesma forma, algumas pessoas, percebendo isso, não deixarão de se aproveitar de nossas inseguranças, sugando tudo o que puderem, aproveitando-se de nós, uma vez que saberão que não conseguiremos lhes negar nada.
Não podemos permitir que nos tratem de uma forma que não merecemos, somente porque amamos ou não queremos que o outro fique bravo ou magoado por nossa causa. Deixarmos claros os nossos limites é necessário, porque, assim, quem não aceita limite algum não se aproximará de nós e isso será um grande favor a nossas vidas.
Mais valem poucos amigos sinceros do que vários sanguessugas em volta da gente.
Amar não significa, de maneira nenhuma, ter que se sujeitar aos mandos e desmandos do outro, porque quem ama de verdade também diz não, também se nega, também aponta o que do outro não aceita receber. Teremos, sim, que abrir mão de algumas coisas, caso queiramos nos relacionar com alguém, porém, nenhum traço de nossa dignidade poderá ser suprimido nesse processo, ou nos distanciaremos cada vez mais do encontro amoroso que nos torna melhores, mais felizes, mais a gente mesmo.
Por: Prof. Marcel Camargo
Imagem de capa: Ann Haritonenko, Shutterstock