Não é porque acabou que não foi para sempre um dia. O para sempre esteve sempre presente em nós e um dia chegamos a acreditar nele.

Acabou mas não quer dizer que não nos amávamos. Se calhar ainda nos amamos, mas em segredo, e no silêncio da madrugada cada um sabe a falta que o outro faz.

Não é porque acabou que não tenhamos lutado.

Lutamos mais do que as nossas forças permitiam, mas fomos incapacitados por algo mais forte, um destino que conspira contra nós e que nos limitou e reduziu o nosso amor a meras lembranças. Talvez seja esse o preço a pagar por contrariar todas as forças que a nós se opõem.

Desistir não foi uma opção, foi uma obrigação. Estávamos num barco à deriva e quanto mais remávamos mais nos íamos perdendo. Mas não pensem que somos fracos por isso, até para desistir é preciso ser forte.

Infelizmente, às vezes o amor não é suficiente e os finais felizes só acontecem nos filmes, estes que nos abraçam com as suas ilusões românticas. É-nos incutida uma ilusão de sermos princesas que encontrarão o príncipe encantado e viveremos felizes para sempre.

Mas, talvez um dia nos encontremos por aí no meio da multidão.

Talvez te acene ou, então, fique completamente paralisada revendo em mim todas as memórias que restaram de ti. Talvez me venhas falar ou simplesmente sigas o teu caminho enquanto és invadido pelas lembranças daquilo que um dia fomos.

O para sempre só restou em nós, guardado numa gaveta da nossa memória, local onde permanece tudo o que era nosso.

Não é porque acabou que não foi para sempre um dia. Algumas coisas são para sempre sim, mas apenas no nosso coração.

Imagem de capa: kittirat roekburi, Shutterstock