Deixei que todos os medos me consumissem para que nada restasse.
Já não era o amor por ti. Era só o medo de te perder.

Só nesse intervalo onde nos são tanto mas tão pouco consegui garantir ser um bom recomeço.

Recomeçar algo não é deixar um lugar, uma pessoa, ou mudar de casa.

Recomeçar é esquecer. Ter nada. Ser nada. Onde nada é tanto.

Lembro-me de ti, era sábado, fim-de-semana, fim de tarde – fim de tudo.
Era só mais uma história de amor, mas sem amor.
Não existem finais felizes; apenas começos risonhos ou sombrios,
mas finais: esses são sempre a angústia da própria palavra – fim.

Alguém que diga «Acabou», só o faz para descansar a mente, fechar os olhos, enganar o coração.
Porque o fim, nunca é o fim; o fim – aquele momento em que consideramos que tudo acabou –
é nada mais do que a incansável alvorada de noites em branco.

Imagem de capa: urbazon, Shutterstock