Rodrigo Fernando Moro Rios é um homem brasileiro de 32 anos que após anos a estudar nos EUA em ciências biológicas, acabou por tirar a pós-doutorado na Universidade Durham, na Inglaterra. Contudo, quando regressou ao Brasil, acabou por ser obrigado a fazer todo o tipo de trabalhos, como garçom, barman, figurante de filmes, entregador de Uber Eats e até se ofereceu para ser modelo nu em cursos de arte, apenas para se sustentar.

Certo de que estaria a tomar a decisão certa, pois sempre gostou de ciências, Rodrigo acabou por dedicar mais de dez anos da sua vida à sua formação académica, de 2003 a 2015, corrigindo pesquisas de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado, com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Contudo, as coisas acabaram por não correr como ele esperava.

“Vi como um plano de carreira, pois a ciência satisfaz minhas aspirações profissionais. Era um caminho certo, estável. Pensei que poderia atuar como biólogo profissional ou professor, mas, depois que voltei da Inglaterra, isso se provou um erro”, contou numa entrevista à BBC News Brasil.

Apesar de ainda ter conseguido alguns trabalhos na sua área como professor visitante em universidades particulares paranaenses, como a Faculdade Assis Gurgacz (FAG), em Toledo, e a Uniamérica, em Foz do Iguaçu, ministrando cursos de curta duração, a verdade é que o que ganhou mal deu para as suas despesas, tendo sido obrigado a deixar a casa onde viva sozinho para voltar a viver com a sua mãe.

inspiringlife.pt - Graduado em biologia é obrigado a trabalhar como figurante e barman para se sustentar

“Já fiz, ou busco fazer, um pouco de tudo desde que defendi minha tese, fora lecionar, publicar e orientar. Fui figurante de cinema, graças a um colega meu, também doutor em zoologia, que virou câmera. Outro colega, que trabalha com marketing digital, está fazendo curso de pintura. Precisa de modelo? Topo. Afinal, mesmo doutores, às vezes a gente não ganha R$ 100 por quatro horas (de trabalho)”, relata.

Infelizmente, Rodrigo não é o único doutorado com dificuldade em encontrar uma emprego na sua área de formação. Muitos outros jovens brasileiros se debatem com dificuldades de inserção no mundo do trabalho, optando por outras alternativas para terem uma forma de se sustentarem financeiramente.

Fonte: BBC News Brasil