Prefiro gostar de ti do que apaixonar-me por ti. Prefiro manter as coisas como estão, porque assim eu sou feliz. Gosto de gostar de ti. Faz-me sorrir a toda a hora porque sei que logo, quando chegar a casa de mais um dia de trabalho, vou ter-te do outro lado da linha para te contar tudo. Gosto de saber que não vais cobrar o facto de eu chegar atrasado a um café a dois ou quando nem sequer te desejo um bom dia pela manhã. Gosto de adormecer sabendo que vais dormir comigo no pensamento. Mas também compreendo quando isso não acontece.

Gostar de gostar de ti é tão gostoso! Para quê vivermos uma paixão assolapada se depois nos desfazemos em pedaços? Prefiro esta correria calma que é gostar de ti. Prefiro esta paz dentro de mim. E gosto de saber que também gostas de gostar de mim.

Não te vou prometer nada sabendo que posso não cumprir.

Não vou prometer mudar se tenho a perfeita noção que isso não vai acontecer. Vou apenas prometer que, em nenhum momento, serei menos do que eu próprio. Sou assim e é assim que gosto de mim. E é assim que gosto de ti. E dou-te tudo de mim, mas também espero receber tudo de ti. Porque eu gosto de ti por inteiro, com defeitos ou sem eles.

Apaixonar-me por ti seria conjugar o verbo “gostar” de forma errada. Não quero a fugacidade da paixão. Quero manter-te por perto – ainda que ausente – por muito tempo. O máximo que conseguir. E gosto de pensar assim.

Gosto de gostar de ti.

E gosto de ti cada vez mais. A tua voz tranquiliza a minha alma e o teu toque provoca-me arrepios na espinha. E eu gosto.

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