Olá meu querido.

Já se passou algum tempo desde que te conheci, não sei precisar quanto tempo ao certo, na verdade não o quero fazer, não me quero lembrar de como tudo começou, para não me virem as nossas boas memorias à cabeça. Já foi há uma eternidade que foste embora, a escolha foi tua, podias perfeitamente ter ficado, mas era mais fácil mudares de namorada todas as semanas, e ires sair com os teus amigos para a bebedeira, do que ficares comigo, não é verdade?

Não penses que te escrevo para dizer que tenho saudades tuas, estaria a mentir, fizeste-me demasiado mal ao te ires embora para eu ser capaz de ter saudades. Sei perfeitamente que não foste embora de um dia para o outro, embora na época me tenha parecido isso, hoje sei reconhecer que foi aos poucos e poucos que foste indo. Não te culpo inteiramente pela tua partida, reconheço que também tive culpa, afinal eu é que me meti contigo, eu é que me apaixonei, eu é que quis mais do que uma amizade, eu é que achei que seria capaz de te mudar e fazer ficar.

“Eu sabia o que estava a acontecer, eu sabia que te estava a perder, mas neguei (…)”

Foi nas pequenas coisas que tu foste indo embora, nas mensagens não respondidas, nas chamadas não atendidas, nos encontros desmarcados, na falta de carinho, na falta de conversas, na falta de paciência, no eu precisar de ti e tu não estares. Eu sabia o que estava a acontecer, eu sabia que te estava a perder, mas neguei, é óbvio que neguei, afinal tu andavas cansado, cheio de trabalho, com demasiado stress, muitas preocupações, sem tempo (…) a minha cabeça inventou mil e uma desculpas para as tuas falhas, só agora vi a realidade.

Devo-te um pedido de desculpas por ter insistido com as mensagens, com os telefonemas e com os encontros, afinal tu só querias as festas e as curtes, e eu não te deixava tempo para isso, teria sido mais fácil se eu te tivesse dado logo o passaporte para a viagem de ida, mas na altura eu não me apercebi e insisti para que voltasses.

Quando foste embora não foram tempos fáceis para mim, pensei que ias voltar, mas tu não voltaste, e eu devo-te também um obrigado por isso, um obrigado pelo passaporte que compraste ser só de ida. Ainda bem que foste e não voltaste.

 “Se estas bem assim, eu fico feliz por isso, ao menos estás longe de mim.”

Ao menos foste para algo que te fez feliz, para essas festinhas, para essas trocas de namoradas semanais e para essas garrafas de vodka vazias. Se estas bem assim, eu fico feliz por isso, ao menos estás longe de mim.

Na próxima vez que te vir, não te preocupes não me vou agarrar a ti, a chorar e a pedir que voltes, nem envergonhar-te com uma cena qualquer em frente dos teus amiguinhos, vou simplesmente sorrir, e manter-me distante, pois foi a distância que me permitiu estar bem sem ti.

Sem saudades, uma qualquer que já namoraste.

Por: Maria Crescida