Deixaste-me sozinho, sem nada, sem mim.

Levaste-me. Levaste a pessoa que sempre fui, a pessoa que era, como um ladrão que nos assalta e nos deixa esbanjados no chão, miseráveis.

É esse o problema de nos entregarmos de alma e corpo, é que as feridas ainda podem sarar, a alma não: é preciso a lucidez, é preciso que nunca percamos quem sempre fomos. Mas eu entreguei tudo.

Agora, que me deixaste, foi com isso que ficaste, com tudo.

Ainda pensei que fosse falta de amor. Mas era só falta de mim.

Devolve-me, e eu esqueço tudo.