E se realmente esse amor não durar para sempre? E se te consumir primeiro a alma e só depois o coração? Será que muda alguma coisa? Será que deve mesmo ser o coração a ser consumido pelo amor e pelo desejo muito antes que a alma? E se for ao contrário? E se tu chegares mesmo a um ponto em que já não consigas existir por ti sozinha e precises encarecidamente da tua outra metade? E se a tua metade te fugir por entre os dedos antes que consiga dar-lhe a mão?

Como é que se vive um amor num mundo de incertezas e de pessoas mal resolvidas? Como é que entregas o teu coração a alguém que pode perfeitamente deixá-lo cair ou desfaze-lo em mil pedaços quando bem lhe apetecer? É realmente suposto perderes toda a tua essência para amares alguém? E como é que te vais oferecer por inteira, sem meias-verdades nem meias-palavras a alguém que nem sabes se deves confiar a cem por cento em primeiro lugar?

Está demasiado difícil é confiar em alguém neste mundo.

E pior ainda, está demasiado difícil amar. Mas não tenhas medo. Se o amor te bater à porta, deixa entrar. Permite-te ser feliz. Deixa que alguém te faça rir espontaneamente. Deixa que conheçam as tuas qualidades e lidem com os teus piores defeitos. Deixa que se riam de ti em momentos mais embaraçosos ao ponto que comeces a rir de ti mesma. Deixa que te ensinem tudo aquilo que ainda não aprendeste. Deixa que te amem. E ama também!

Ama o máximo que conseguires. Não ponhas limites. Nem cláusulas. Move rios e montanhas se tiveres que o fazer. Ri. Sê feliz. Entrega-te. Não quantifiques. Não coloques rótulos. Apenas ama na maior plenitude do teu ser.

E se não for para sempre? Foste feliz. E se não resultar? Tentaste.

Ama e não deixes nada por dizer, por fazer, por sentir. Porque não há maior arrependimento no amor do que sentires que não te deste por completo, que podias ter feito mais, dito mais, exprimido mais, sentido mais. Todos esses “mais” são a parte que te consome. A culpa. O arrependimento. O podia-ter-dito-mas-não-disse, podia-ter-feito-mas-não-fiz.

Livra-te de todos os “se”, de todas as perguntas sem resposta. Vai ser feliz. E se um dia tiver um fim, ficam as boas memórias de tudo o que podias-ter-dito-e-disseste. Fica tudo aquilo que podias-ter-feito-e-fizeste. Fica todo o amor que podias-ter-dado-e-deste. Fica tudo. Porque tudo fica mesmo quando tudo some.