Aprendemos desde crianças a diferenciar uma pessoa boa de uma cruel através de seu comportamento. As pessoas cruéis geralmente não mostram empatia, cuidado, amor e preocupação como as pessoas boas.

No entanto, ainda assim somos enganados em nossos relacionamentos. Isso acontece porque muitas pessoas aprenderam a camuflar sua crueldade e egoísmo atrás de uma falsa bondade. Elas agem através de chantagens emocionais motivadas por baseada em medo, culpa e, em algumas vezes, até mesmo violência. Essas pessoas se mostram bondosas mas em seu coração existem apenas intenções ruins.

Existe um consenso popular de que as pessoas cruéis, que fazem o mal para aqueles ao seu redor, agem assim porque em algum momento de suas vidas também foram feridas, e apenas estão propagando aquilo que lhes é familiar, mas muitos também acreditam que nem sempre essa tendência negativa natural é justificável pelo passado, e que algumas pessoas são assim por sua própria natureza.

A relação entre as pessoas cruéis e a molécula moral

A Ciência não provou a existência de um gene do mal, que influencia o comportamento humano de maneira negativa. Entretanto, de uns anos para cá, há estudos sobre a “molécula moral”, que nada mais é do que a ocitocina, o hormônio do amor, que também é responsável por manter as pessoas unidas entre si, seja na família, com os amigos ou até mesmo na sociedade de uma maneira geral.

Alguns casos particulares podem mostrar indicações de que algumas pessoas não têm tanto contato com a molécula moral, o que as torna mais frias e até mesmo mais violentas com as pessoas em seu convívio.

Um desses casos que chama a atenção é o do americano Hans Reiser, programador americano famoso por ter criado os arquivos do ReiserFS. Desde 2008, Reisser cumpre pena na prisão de Mule Creek, pelo assassinato de sua esposa. Ele confirmou sua culpa de maneira fria e também passou a localização do corpo para a polícia.

Reiser possui uma inteligência muito desenvolvida. Ele é especialista e começou a universidade muito cedo, ainda na adolescência. Já na prisão, ele decidiu que ia fazer o seu próprio recurso. Em 5 folhas escritas por si mesmo, ele argumentou que seu cérebro funcionava de maneira diferente. Sabia dos estudos realizados com a ocitocina e usou-os como argumento. Segundo Reiser, ele nasceu com um problema, seu cérebro não produzia a chamada molécula moral, o que o impedia de sentir coisas como empatia pelos próximos.

Apesar de sua defesa não ser suficiente para o liberar da prisão perpétua, a relação entre ocitocina e nível de bondade veio à tona. Hoje, a oxitocina é conhecida como o hormônio que nos torna “humanos”, despertando em nós o respeito, preocupação e empatia pelas pessoas em nossas vidas.

Como podemos nos defender da crueldade camuflada em nossas vidas diárias

Diariamente, somos vítimas de crueldade, mesmo que em menores níveis: agressividade, manipulação, egoísmo, ironia, e a lista segue. Precisamos aprender a nos defender dessas atitudes tóxicas para que nossas vidas não sejam afetadas negativamente.

As pessoas cruéis estão em todo lugar, na família, trabalho, círculo de amigos, e podem fazer qualquer um de nós suas vítimas, independente de fatores como idade ou experiências de vida.

Existem algumas maneiras de identificá-los, como mostramos abaixo:

  • Essas pessoas tentarão nos conquistar através de fingimentos. Incorporarão um personagem totalmente diferente do que realmente são, com o objetivo de nos encantar com suas palavras e atitudes, apenas para depois revelarem quem realmente são.
  • O objetivo dessas pessoas é nos controlar, e para isso tentarão de todas as maneiras prejudicar nossa autoestima e autoconfiança. Elas podem fazer isso mais sutilmente ou com mais agressividade.
  • Quando nos dermos conta de que estamos “na rede” dessas pessoas, nós nos sentiremos presos, sem saída, e essa sensação tirará nossa paz. Mas precisamos sempre ter em mente que somos nós que estamos no controle, nós somos nossos próprios donos. Dessa maneira, devemos buscar um jeito de encerrar esse ciclo de dominação.

Não é fácil acabar com os jogos de dominação e agressão encobertos, especialmente quando existem há muito tempo. Mas precisamos agir e nos proteger. Se necessário, até mesmo nos distanciar permanentemente.

Precisamos desmascarar os cruéis disfarçados de bonzinhos e nos libertar para vivermos as melhores vidas que pudermos.

Por: Luiza Fletcher

Imagem de destaque: A L L E F . V I N I C I U S Δ on Unsplash