Quem é que nunca reagiu de “cabeça quente” ao ser ofendido ou magoado por alguém? Apesar da maioria das pessoas aprender a controlar-se à medida que vai amadurecendo, ainda assim continua a ser frequente deixarmos que a raiva tome conta de nós e nos influencie, acabando por prejudicar a nossa felicidade e bem-estar.

Mas atenção! Aprender a ignorar uma pessoa “má” não é simples. Na realidade, implica uma profunda mudança de atitude, onde devemos aprender a abrir a mente e a ver as coisas sob um outra perspectiva.

O conto budista abaixo fala precisamente sobre a importância de saber ignorar para se ser feliz!

“Dizem que uma vez, um homem se aproximou de Buda e, sem dizer uma palavra, cuspiu-lhe em rosto. Os seus discípulos ficaram super irritados.

Ananda, o discípulo mais próximo, perguntou a Buda:

– Dê-me permissão para dar a este homem o que ele merece!

Buda limpou-se calmamente e respondeu a Ananda:

– Não. Vou falar eu com ele.

E juntando as palmas das mãos em sinal de reverência, Buda disse ao homem:

– Obrigado. Com o seu gesto, permitiu que eu visse que a raiva me abandonou. Estou extremamente agradecido. O seu gesto também mostrou que Ananda e os outros discípulos ainda são assaltados pela raiva. Obrigado! Somos muito gratos!

Obviamente, o homem não acreditou no que ouviu, ele sentiu-se comovido e angustiado. Não conseguia explicar o que tinha acontecido. Foi acometido por um tremor por todo o corpo e o seu suor molhou os lençóis onde dormiu. Em toda a sua vida, nunca havia conhecido um homem com um carisma tão forte. O Buda havia modificado todos os seus pensamentos e todo o seu modo de viver e de agir.

Na manhã seguinte, o homem voltou ao mestre e jogou-se aos seus pés. Então o Buda se voltou para Ananda:

– Viu? Esse homem voltou para me dizer algo. Esse gesto de tocar nos meus pés é a maneira dele de me dizer algo que não poderia ser explicado em palavras.

O homem olhou para o Buda e disse:

– Perdoe-me pelo que fiz ontem.

O mestre respondeu que não havia nada para perdoá-lo e explicou-lhe:

– Como o fluxo do Ganges faz com que as suas águas nunca sejam as mesmas, então nenhum homem é o mesmo de antes. Eu não sou a mesma pessoa com a qual você esteve ontem. E nem mesmo aquele que me cuspiu, está agora aqui. Não vejo ninguém tão bravo quanto a ele. Agora você não é mais o mesmo homem de ontem, você não está fazendo nada comigo, então não há nada de que eu possa te perdoar. As duas pessoas, o homem que cuspiu e o homem que recebeu o cuspe, já não estão mais aqui. Então, agora vamos falar de outra coisa.”

Basicamente, todos nós cometemos erros. Contudo, não devemos deixar que esses erros e atitudes cometidos no passado, influenciem o presente, já que não existem mais.

Fonte: Revista Pazes