“Estás parada no tempo”. Foram as únicas palavras que decorei depois da longa conversa que tivemos no parque da vila. Ainda consigo ver as tuas sobrancelhas a subirem ligeiramente ao dizeres-me aquilo, acreditas?

Cheguei à triste conclusão que tens razão!

Eu paralisei no meio desta história na esperança que criasses um novo parágrafo. O que é estranho é que os dias custam a passar mas já lá vai imenso tempo.

Perdi a conta das vezes que adormeci a pensar em ti e não no teste que ia ter no dia seguinte. Perdi a conta das vezes que te queria ver e privei os meus amigos de sair para outro lado qualquer. Perdi a conta das vezes em que fui ter contigo quando havia alguém a precisar de mim.

Diz-me: é mais triste teres-me tornado egoísta ou eu ter feito isso tudo em vão?

Já não há espaço na tua vida para mim, aliás, colocaste-me na sala de arrumações do teu pequeno (mas existente) coração, eu é que decorei de maneira a sentir-me na sala de estar. Isto pode parecer uma estupidez mas eu posso afirmar que senti o exacto momento em que me abandonaste e descobri que já não havia mais nada a fazer.

Eu posso dizer-te sem medos que apesar de gostar da ideia de gostar de ti, me senti mais leve depois de finalmente termos trocado o “até já” pelo “adeus”. Não me faças sentir culpada por isto por favor, já me chega a tua ausência.

Pára de olhar para mim como se eu te devesse alguma coisa, porque se algum de nós deve alguma coisa és tu, e é um pedido de desculpa. Mas não o peças agora, porque eu vou cair no erro de aceitar, como faço sempre.

Digo com orgulho que foste uma etapa bonita da minha vida, mas afirmo com revolta que me fizeste perder demasiado tempo. Isto serviu para que mesmo? Não venhas com as histórias de que serviu para aprender, porque se achas que a desilusão é aprendizagem devias rever o teu conceito de “desta vez é diferente, eu prometo”.

Que ciclo vicioso.

Afastas-te, vives e voltas. E eu à tua espera.

Sentada na mesma cadeira, no mesmo quarto, com a mesma garrafa, o mesmo maço de tabaco, e se calhar não és tolo nenhum, não é que estou mesmo parada no tempo?