Dizem, e acho que é uma lenda antiga, que quando uma criança comemora seu aniversário, o anjo do Aniversário convoca as abelhas para produzir um mel poderoso que adoçará a vida desse aniversariante por um ano inteirinho. Dizem também que, durante a noite, seres alados preparam balas com o mel. Então, o Anjo do Aniversário coloca, em cada uma delas, um dom especial. Depois disso ele precisará renovar o ritual, com um novo aniversário.

Chegamos aos 25! E por que não dizer que foi uma felicidade incrível? Não é como foi com os 20, nem com os 22, 23 ou 24. Foi muito, muito, muito mais feliz! Foi o ano em que o anjo do Aniversário trouxe balinhas extras de mel e lá no finzinho do ano era possível perceber que ainda havia uma cota extra que serviu como uma dose super adocicada de coragem.

“Pequenas pessoas diante da grandeza de possibilidades que têm o mundo. Somos quase nada.”

Chegamos aos 25 sem uma casa. Também sem um carro. Sequer foi possível planejar quando é que vem o casamento e os filhos – sabe, parece até mesmo que aos 25 nem deu ainda para decidir o que fazer com a vida profissional! No final das contas, chegamos aos 25 e não temos nada do que planejamos aos 15 que teríamos aos 25. Hoje somos médicos, dentistas, artistas, psicólogos. Graduados, mestres, ou quase-doutores. Pequenas pessoas diante da grandeza de possibilidades que têm o mundo. Somos quase nada. E queremos tudo. Tudo que nos faça acordar todos os dias e sorrir. Para nós mesmos, para as pessoas que chegaram com as balinhas de mel do anjo do Aniversário, para aqueles que ampliadamente compõem conosco o que lindamente chamamos de Clínica, de escuta, de existência. Com quem dividimos os palcos do teatro e da vida.

Que cheguem os 25 anos, que sejam o começo de um início de segundo quarto de século de vida e que nunca, nunca, nunca, percamos “a felicidade nos olhos”, como me disse há alguns dias uma dessas balinhas de mel que vieram com os últimos aniversários.

“Então, que sejamos eternos na duração de cada dia. “

E, para finalizar com Pessoa, viver é “apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada nova madrugada, numa revirgindade perpétua da emoção — isto, e só isto, vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos”. Então, que sejamos eternos na duração de cada dia. E que cada um deles seja repleto de alegria. E de gratidão.

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