Não sei como tive coragem para te dizer adeus. Tornei-me numa cobarde, mas tu também não facilitaste. Foste intolerante à minha dor escondida.

Não podias simplesmente parar e observar-me por dentro?

Não podias rir como de costume e dizer-me para parar de ser parva?

Não, não podias. Preferiste acreditar no que não existe, preferis-te acreditar que a minha fonte de amor esgotou. Tão previsível!

Talvez, nunca tenhas tido consciência do quanto te amava e ainda amo. Acabei por te dar muito de mim e o pior de tudo, o meu coração para o partires.

Sim, fui eu que dei um basta não te quero mais.

Um basta à tua indiferença.

Um basta, às tuas necessidades.

Um basta ao abraço vazio.

Um basta à falta de atenção.

Um basta aos dias que me trocavas por uma noite de diversão.

No fundo, nunca soubeste lidar comigo.

Apesar disso, lembro do nosso primeiro encontro. Decidi que seria tua pra sempre, quando me olhaste nos olhos e sorriste.

Nesse dia assinei a minha sentença. Agora vejo que não tenho salvação e o mais irónico disto tudo, eu não quero ser salva. A não ser por ti.

Como podes ser a minha destruição e a minha salvação?

Estarei louca?

Loucura será a definição perfeita do amor?

Acho que sim. É assim que sinto.

Acho que nos perdemos. E o caminho é longo e talvez sem volta.

Nada dói mais que uma incerteza.

Consegues entender isso, pelo menos?

P.S.: Aquela ex que sempre te amou.

Imagem de capa: Eugenio Marongiu, Shutterstock