A ciência e a religião nem sempre andam de mãos dadas. É sempre fascinante ver quando certas descobertas científicas provam e concordam com coisas que fontes religiosas e espirituais já afirmaram há milhares de anos. Recentemente, um estudo científico encontrou alguns princípios interessantes de felicidade, que se mostraram bastante semelhantes às crenças budistas.
Uma pesquisa científica publicada pela Yes Magazine identificou alguns fatores surpreendentes que podem trazer-te mais felicidade, que também se correlaciona com a forma como os budistas percebem a felicidade.
1. ATENÇÃO ao momento presente
“Ao inspirar, acalmo o corpo e a mente. Ao expirar, sorrio. Viver no momento presente, eu sei que esse é o único momento que tenho.” – Thich Nhat Hanh
A atenção plena pode ajudar as pessoas a gerir a sua saúde mental ou simplesmente obter mais prazer com a vida. Envolve um esforço especial para dar toda a atenção ao que está acontecer no momento presente. Dás atenção ao que está acontecer no teu corpo, mente e arredores.
Uma das principais razões pelas quais as pessoas estão a ficar cada vez mais deprimidas é porque passamos a maior parte do tempo preocupados com o que aconteceu no passado e com o que pode acontecer no futuro. As pessoas tem tendência a pensar em “eu deveria ter” e “e se” mais do que aproveitar o momento presente. Os ensinamentos budistas enfatizam que o momento presente é tudo o que temos e devemos gastar cada segundo dele com plena consciência.
A psicóloga Sonja Lyubomirsky, na sua pesquisa científica, identificou que a maioria dos participantes no seu estudo mostrou aumentos significativos na felicidade e reduções nos níveis de stress quando foi pedido para se concentrarem no momento presente.
Portanto, devemos passar cada segundo da nossa vida atentamente, sem passar pela vida no modo piloto automático, onde as nossas mentes viajam em direções opostas ao tempo.
02. Não lutes por desejos materiais
“Não há medo para alguém cuja mente não está cheia de desejos.” – O Buda
O budismo ensina que não podemos encontrar a paz e a felicidade enquanto ficamos confinados ao materialismo. É verdade que o dinheiro é importante para atender às nossas necessidades físicas, mas não encontraremos satisfação a longo prazo com o dinheiro ou bens materiais.
A suposição mais comum na sociedade moderna é que eles consideram mais dinheiro igual a mais prazer. É por isso que trabalhamos duro, nos preocupamos com o mercado de ações e economizamos para esse caro jantar, relógio, telefone e carro. Fomos levados a acreditar que riqueza é felicidade.
Os resultados de muitas pesquisas científicas provam que a suposição acima está errada. De acordo com a pesquisa conduzida por Tim Kasser e Richard Ryan, as pessoas que adquirem riqueza na sua lista de prioridades têm maior probabilidade de enfrentar depressão, ansiedade e baixa auto-estima. Os que buscam dinheiro também pontuam mais baixo nos testes de vitalidade e auto-atualização.
O desejo de adquirir riqueza vem com o medo de perdê-las. Em muitas ocasiões, as pessoas que procuram dinheiro e riqueza têm menos prioridade em relação a pessoas e relacionamentos, que são realmente as coisas que podem causar felicidade. Se você investir demais em si mesmo e não o suficiente em outras pessoas, terminará sendo solitário e infeliz.
03. Sê generoso
“Antes de dar, a mente do doador é feliz; ao dar, a mente do doador é pacificada; e tendo dado, a mente do doador é elevada.” – O Buda
O senhor Buda sempre enfatizou a prática de dar. Não apenas dar dinheiro ou coisas de natureza materialista, o budismo também fala sobre o benefício de dar presentes intangíveis como tempo, sabedoria e apoio.
O pesquisador Stephen apoia cientificamente os ensinamentos budistas, afirmando que ajudar um vizinho, voluntariado ou doar bens e serviços resulta num “alto estado emocional do ajudante” e tens mais benefícios à saúde do que se exercitasses ou deixasses de fumar. Ele afirmou ainda que ouvir um amigo, transmitir habilidades, celebrar sucessos e perdão de outros também pode contribuir para a felicidade que os budistas consideram como presentes intangíveis.
04. Aprende a deixar ir
“O segredo da felicidade está em mente a libertação dos laços mundanos.” – O Buda
Anitya ou “impermanência” no budismo significa que a vida como a conhecemos está em constante fluxo. Nunca podemos voltar a um momento que já passou, nem podemos replicá-lo. A cada dia que passa, as células do nosso corpo são diferentes, nossos pensamentos se desenvolvem, a temperatura e a qualidade do ar mudam. Tudo ao nosso redor é diferente.
Sempre que nos sentimos infelizes, o pensamento de impermanência pode ser muito reconfortante. Isso significa que, se nada é permanente, nossa dor também não é permanente. A ideia de que tudo está mudando constantemente pode acalmar nossas mentes. Ao refletir profundamente sobre o conceito, ele ajuda-nos a apreciar tudo o que estamos a viver no momento presente. Podem ser os nossos relacionamentos, corpo, humor, saúde, clima, os nossos sapatos favoritos, os nossos empregos, a nossa juventude ou qualquer outra coisa. Estar constantemente ciente de que, tudo o que é bom ou mau não dura para sempre fará com que possamos apreciar com mais intensidade tudo o que normalmente damos como garantido.
Photo by Vinicius “amnx” Amano on Unsplash