Talvez um dia esqueça de me lembrar de ti. Talvez um dia acorde com um enorme sorriso e com uma onda de felicidade a deslizar pelo meu corpo. Talvez seja um dia comum como tantos outros, com a única diferença de não sentir o vazio da tua ausência e o meu primeiro pensamento não sejas tu. Um dia em que me sentirei completa, em que deixarei o passado no seu devido lugar e sem sentir aquela vontade de revivê-lo.

Talvez uma noite não tenha a necessidade de procurar todas as lembranças dos nossos momentos felizes: o brilho nos teus olhos quando olhavas para mim e dizias que me amavas, os arrepios no meu corpo quando me tocavas, os abraços apertados que nos aqueciam no inverno, aquele sorriso entre o beijo, aquele friozinho na barriga que sentia quando te via…

“Talvez nessa noite adormeça sem a esperança de sonhar contigo.”

Talvez uma noite me esqueça de lembrar disso, talvez me esqueça de todas essas sensações, porque essas memórias estão a matar-me, levam-me a um estado profundo de tristeza acompanhado de um choro incontrolável. Talvez nessa noite adormeça sem a esperança de sonhar contigo.

Talvez quando me esquecer de lembrar de ti tudo mude e serei capaz de seguir em frente, serei capaz de ser feliz novamente. Talvez esse dia seja amanhã, ou depois de amanhã, ou então daqui a uma semana, um mês, um ano… Não sei quando será, mas um dia será.

“Esta noite ainda olhei para as estrelas desejando que estivesses do outro lado a pensar em mim.”

A única certeza que tenho é que esse dia não é hoje, pois hoje ainda me lembrei de ti. Hoje ainda tive aquela enorme vontade de viajar no tempo para te encontrar, para sentir os teus lábios nos meus, para que os meus braços encontrassem os teus e se envolvessem num abraço profundo. Esta noite ainda olhei para as estrelas desejando que estivesses do outro lado a pensar em mim. Esta ainda vai ser como tantas outras noites em que adormeço a chorar, as lágrimas sairão dos meus olhos sem parar até que os sinta a arder de dor.

“Longe da vista, longe do coração”, nunca uma frase fez tão pouco sentido na minha vida. Os meus olhos não te veem e a distância que nos separa é muita, mas isso não é suficiente para me fazer esquecer de ti. Parece que nada é suficientemente forte para te apagar de mim, nem o tempo, nem a distância. Quanto tempo mais terá de passar? Quantas lágrimas mais terei de derramar? Quanta dor mais terei de suportar? Quantas memórias mais terei de recordar? Quantas vidas mais terei de viver para, finalmente, te esquecer?

Acho que a saudade irá sempre permanecer, mas talvez um dia deixe de doer. Talvez nesse dia diga adeus à tua imagem que vagueia na minha mente, não para sempre, mas só o tempo suficiente para eu seguir em frente.

Parece que hoje ainda não foi o dia em que me esqueci de lembrar de ti.