Mais um dia, um mero dia como outros, sempre iguais, sempre a mesma mesmice de sempre. O dia está belo, para tanta gente e eu vejo-o negro. Nada faz sentido, o mundo onde vivo, não tem sentido algum.

Quero refugiar-me nas minhas ilusões, elas sim vão salvar-me, tenho a certeza! Só uma coisa pode salvar- me, o amor podia salvar-me. Mas não o fará, então morrerei lentamente, com um sorriso.

Será uma morte feliz, que ironia. Como pode ser feliz? Porque permite ver o sorriso dele.

Amar alguém e não poder amar, é a coisa mais condenável e nem deveria ser. O amor não devia ser condenável. Nada que possa causar felicidade, pode ser proibida ou condenável.

Estou à beira de um precipício, e ninguém vai impedir-me de saltar.

Chamo por ele, vezes sem conta. Nenhuma voz me responde, o coração bate desesperado. Estou prestes a morrer e ninguém vê. Ele não vê.

A minha vida depende daquele sorriso. Então, ele surgiu do nada e sorriu-me. Eu recupero, por alguns segundos eu vivo. Depois volto para a escuridão, onde a consciência é a minha pior inimiga. Ela repete, não o podes ter.

O amor impossível, mata muito rápido. O amor tão perto e tão longe, sem poder ter o contacto da pele, de um beijo e o mundo inteiro contra. Ninguém sai vivo de um amor assim.

O tempo não cura, não apaga. A ânsia de um abraço apodera-se de mim, isso bastava para eu viver. Lágrimas caem e morrem nos lábios. Assim como, esse amor devia morrer.

Foi no último olhar, no último abraço, que a despedida do impossível morreu e eu morri junto. Hoje não sou mais do que restos desse amor.

As máquinas, que mostram um coração que bate, estão avariadas. Nenhuma máquina detecta este tipo de morte.

O amor impossível viverá sempre, nos meus restos.

No último olhar, foi dito – Amo-te!

E amei…