Lembro-me da primeira vez que olhaste para mim e eu devolvi-te o sorriso, lembro-me das primeiras palavras que me disseste, de cada centímetro teu de cada nota olfativa do teu perfume, lembro-me de tudo como se o tempo tivesse ficado parado e ainda tivesses tão perto de mim que conseguiria ouvir o teu coração a bater por mim.

São as memórias que doem mais, é eu não reconhecer o meu sorriso sem o teu, é parte de mim a lutar para te manter no meu coração e outra parte a lutar para que saias dele. Se saíres o que levarás contigo? O quanto vais deixar ficar?

Levas o meu coração todo ou deixas algum pedaço para eu ainda sentir que tenho algo para voltar a amar?

Viver sem ti é como ter de aprender a fazer tudo de novo, é ter de aguentar um mundo sozinha, ter de o enfrentar sozinha, porque tu tomas-te uma decisão sem pensar em mim, sem pensar em mais nada sem ser em ti.

Por muito que custe eu tenho de te deixar ir aceitar a tua decisão e deixar ir, mesmo que leves tudo contigo, mesmo que leves tudo que me resta de bom em mim, eu tenho de te deixar ir.

Em mim ficam as memórias de uma história vivida na primeira pessoa.

Ficam todos os sorrisos marcados no meu rosto, o eco do teu riso e da tua voz, o bater do teu coração e a saudade de te ter ao meu lado.

Fica a esperança de que podia ter sido tudo diferente, que podias ter sido tu para sempre e só tu, mas para além disso fica a dor de saber que já não me amas e eu não posso fazer nada para mudar isso, fica a revolta por saber que acaba assim, que uma história tão bonita acaba assim, fica a ânsia de ter e de que eu podia nunca ter escrito este texto se não tivesses desistido de nós, mas em nós resta apenas um passado distinto e terminado, mas em mim resta tudo de ti.