Confundo a tua voz, ao longe, confuso, algures… No meu pensamento, no eco na saudade. Finalmente vejo-te, nessa fúria natural, como se quisesses tudo o que não tenho. Quero oferecer-te o maior presente, a maior satisfação. Havia passado uma tarde sem a tua presença e o coração apertava, o desejo atiçava-me…

Bastou um olhar para eu entender, nessa telepatia, que me querias – mordeste o lábio, entrei num frenesim indescritível. A carne da tua boca era a maior das loucuras, o descomunal dos desejos. Por momentos, iludi-me na tua perfeição, a cabeça a formar cenários, contigo, connosco. A noite foi a valsa dos nossas súplicas, a dança dos nossos calores, a fervilhar, em constante transmissão, num suor que limpava o stress dos nossos dias… Esquecemos as nossas fraquezas nessa acção que nos comove e transporta-nos para o clímax do Deuses – afinal era o mais comum dos prazeres, com a tua especial presença – não és alguém!

Escolhi-te. Escolhemo-nos, no fundo.

Tudo começou por nós, para nós. Descobri um novo mundo no teu corpo, com a saliva que não era mais do que a pressa de querer-te, bastante, rápido, mais do que nunca, para sempre!

Faz com que o tempo seja actor secundário, que pouco importe… Aliás, faz com que o tempo congele, porque sem ele existes, perduras, continuas, fazes fogo com a tua silhueta a pedir a nossa união, num puzzle interminável, sem complicações, simples, sem rodeios, especial, sem limite.

O limite não foi o nosso cansaço…

Uma coisa que contigo aprendi é que nunca aprendi a cansar-me. Pelo menos, de ti. Numa noite apaixonei-me, numa noite criei uma extensão da minha pessoa. Quero retribuir a tua honestidade e entrega. Sinceramente, como? Será a minha presença suficiente forma de agradecimento?

Espero oferecer-te o mundo, um dia… Porventura nunca vou compensar e falharei essa promessa. Contudo, agradeço-te por seres a promessa do melhor dos dias. Obrigado! E assim selo o meu amor por ti, numa carta que provavelmente nunca vais ler.

Imagem de capa: Evgeniy pavlovski, Shutterstock