Há pessoas que acreditam que devemos mover várias montanhas por aqueles que amamos e se essas montanhas não chegarem então devemos mover o mundo por elas.

Eu acredito na transparência a todo o momento e no dia em que a pessoa que amamos decidir que deve seguir por outro caminho, eu não vou mover montanha nenhuma.

Sim, foi isso que eu disse. A montanha tem de se mover diariamente a dois. Não ter medo de dizer que não, de colocar barreiras, de perguntar porquê, sem mágoas sem “ses”. Acima de tudo sem medo de perder, porque o amor não é uma luta, é sim uma construção continua.

“(…) porque não há nada mais estúpido num casal do que querem ser um.”

Escolher ter-te a meu lado foi moldar-me a ti, no mesmo sentido em que te moldavas a mim. Fomos três a todo o momento, – eu, tu e nós, – porque não há nada mais estúpido num casal do que querem ser um. Mas acabou.

Foi uma opção tua, fruto da tua vontade e eu não sou ninguém para te privar de seguires aquele que achas que poderá ser o melhor caminho.

Seria injusto para ti se não o fizesse, deixando-te claro que era uma situação irreversível, que eu já mais iria tentar recuperar o que quer que fosse.

Seria injusto para mim colocar-te em primeiro lugar, mesmo que naquele momento te amasse mais do que me amava a mim própria.

“Não há amores eternos, eu sei disso, mas há pessoas que ficam eternamente em nós.”

Como é que foi a ruptura? O três multiplicou-se por zero e o vazio ficou. Aceitei-o no primeiro momento, e ainda hoje o aceito. Um luto pesado, inacabado, uma despedida forçada, o derrubar de uma criação, uma dor diferente de todas as outras. Não há amores eternos, eu sei disso, mas há pessoas que ficam eternamente em nós. É inevitável, é intrínseco e injusto.

Há pessoas que nos superam e acima de tudo superam aqueles que nos cruzam a vida. Depois delas só valerá a pena que for melhor, se superar tudo e ainda vier acrescentar. Ao contrário disso o passado estará projectado no futuro e isso anula qualquer presente.