Eu morria de medo de perder você. Perdia noites imaginando o que restaria de mim no dia em que você olhasse em meus olhos e dissesse que não dava mais. Tinha medo de que você levasse partes de mim que eu jamais fosse capaz de recuperar. Eu enfiei dentro da minha cabeça que o nosso amor deveria continuar, e que, quando um tropeçasse no meio do caminho o outro estaria lá pra dar as mãos. Mas você se foi.

Um dia você me disse que, independente de qualquer coisa, a gente deveria continuar. Jurou olhando em meus olhos que nunca iria embora, como se fosse possível prever o futuro, como se a gente não fosse nunca se perder um do outro. Quando machucava, você falava que a gente poderia tentar mais uma vez. Você me disse que iria continuar, mas lá no fundo já compartilhávamos uma despedida.

No fundo, os nossos olhares permeavam outros caminhos.

E você me deixou muitas vezes antes mesmo do definitivo adeus. Você me quebrou muitas e muitas vezes e sequer ficou pra me consertar. Você me deixou cega por muito tempo, acreditando em mentiras e cada vez mais desconfiando do amor. Você arrancou do meu peito aquilo que te dei na mais espontânea e sincera vontade.

Eu havia escolhido você. Esperei que as coisas melhorassem. Esperei pela sua melhora, acreditei em você. Fiquei, abri mão da minha estabilidade emocional, da minha sanidade mental, de mim. Tudo pra ver você fazer as mesmas bobagens, repetir os meus erros, e no final ainda ter coragem de falar do nosso amor e me prometer que iria ficar tudo bem.

O amor próprio finalmente despertou em algum lugar da minha consciência me obrigando a lutar.

Eu tenho aprendido a aceitar a sua ausência e algumas vezes, até agradecer por isso.

Eu morria de medo só em pensar que o nosso amor poderia acabar, até que me vi forçada a aceitar e acreditar que às vezes, o amor acaba sim.

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